quinta-feira, 6 de novembro de 2014

O SIMBOLISMO DOS "DEMÔNIOS"

                                            Giotto Di Bondono, Last Judgment


"Na mitologia grega, os daimons eram seres divinos que realizavam o desejo dos deuses nos seres humanos, na forma de sorte ou destino. Cada pessoa recebia um daimon antes do seu nascimento que carregavam seu destino como um conjunto de imagens ou padrões que devia ser vividos na terra. O destino pode adiado e evitado, mas o daimon é irresistível e nunca vai embora, exigindo que seja obedecido ou então tomando posse da pessoa e se tornando seu demônio interno. Com sua habilidade de compreender o destino de alguém, acreditava-se que os daimons apresentavam sinais de intuição além do entendimento racional, atuando como guias interiores.
O daimon é a vocação de vida de um individuo, o equivalente do gênio romano, a alma livre, alma de animal ou alma de respiração dos esquimós, o nagual dos Navajo, e a coruja do Kwakiutl, do noroeste do canada. Em algumas culturas, os daimons são concebidos como uma especie particular de animais. Eles são frequentemente associados ao fogo e um gênio era descrito como nimbo ou halo. Para jung o termo "diamonic" descrevia um relacionamento consciente com as figuras da psique humana.
A origem dos conceito dos anjos, e doas anjos e demônios como incorporação do bem e do mal, está na interação entre o Zoroastrismo Persa e o Judaísmo. Os zoroastrianos descrevem a batalha entre duas deidades: Ahura Mazda, o "sábio senhor" e deus da luz, e Ahriman ou Angra Mainyu, o "espírito mal" e deus da escuridão. No meio de suas batalhas ferozes, as almas dos Humanos são julgadas, o judaísmo como religião monoteísta, concebe um Deus único. Portanto, o equivalente do deus da escuridão, Satã, foi simbolicamente expulso do céu.
O cristianismo herdou a idéia de anjos e demônios que caíram do céu quando Satã se rebelou contra Deus. Os primeiros cristãos viam os demônios como seres feitos de vapor sem corpos físicos, conduzindo a grandes debates sobre o fato de serem ou não divindades. No século XII, a igreja admitiu que os demônios assim como os anjos, tinham corpos espirituais providos de corpos materiais. 
Uma vez que que as religiões pagãs e politeístas foram cada vez mais engolidas  pelas religiões monoteístas, os daimons começaram a ser retratados como demônios e o fato de ouvir vozes internas sugeria loucura ou influência do mal, ao invés de orientação divina. Os anjos caídos, ou demônios, assumiram deformidades físicas ou mentais e eram retratados com cabelos pretos e apele como a dos humanos tingida de cor vermelha, preta ou branca. Enquanto os anjos tinham asas celestiais e características predominantemente humanas, os demônios - na linha com a atitude judaico-cristã de superioridade sobre os animais e a natureza - personificavam qualidades aberrantes do reino animal, com asas de morcego, garras, chifres e rabos, associando sua parte má com as divindades pagãs da natureza."

Fonte: O grande Livro dos Signos e Símbolos Vol 2
            Mark o Connell e Raje Airey